2012 - Alberto/Larissa/Denis Diego/Jefferson


Atividades praticas supervisionadas:
Morfossintaxe aplicada da LP

Embora já tenha sido visto esse conteúdo em semestre anterior, vamos retomar as funções sintáticas que os sintagmas podem assumir na relação sintagmática entre os elementos de uma oração.
Com essa finalidade, vamos apresentar o quadro proposto por Sautchuk (2004: 90), que se encontra na referida obra.


TERMO SINTÁTICO
BASE OU NATUREZA
MORFOLÓGICA
REPRESENTADO POR
Sujeito
Substantiva
sintagma nominal
(autônomo)
Objeto Direto
Substantiva
sintagma nominal
(autônomo)
Objeto Indireto
Preposicionada
Sintagma preposicionado
(autônomo)
Predicativo do sujeito ou do objeto
Adjetiva
Sintagma adjetival/sintag. nominal/sintag. preposiconado
(autônomos)
Agente da Passiva
Preposicionada
Sintagma preposicionado
(autônomo)
Complemento Nominal
Preposicionada
Sintagma preposicionado
(interno)
Adjunto Adverbial
Adjetiva
Sintag. adjetival/sintaf. preposicionado, determinantes
(internos)
Aposto/Vocativo
Substantiva
Sintagma nominal
(autônomo)

ESTUDO DOS TERMOS DA ORAÇÃO.
Como vimos, anteriormente, a cada sintagma verbal temos uma oração. Desse modo, quando o período é constituído de uma oração, denomina-se período simples, a partir de duas (ou mais) orações, há um período composto. Neste, existem dois processos de relação sintática, a coordenação e a subordinação, os quais serão estudados posteriormente.Vimos também que, na hierarquia gramatical, os constituintes de uma oração são os sintagmas. Estes assumem funções sintáticas na oração, conforme a relação que se estabelece entre esses sintagmas. Ao analisarmos sintaticamente uma oração, os dois constituintes imediatos que se identificam são o sujeito e o predicado.
Assim, temos;
            O

    S              P
A mãe /abriu a porta.
Devemos lembrar, ainda, que o padrão sintático em Língua Portuguesa é:
        S   V   C

OU SEJA:

Sujeito + Verbo + Complemento.

A posição S, quando preenchida, será ocupada por um sintagma que tem a função de sujeito da oração, enquanto a posição V corresponde ao sintagma verbal, imprescindível em toda oração. Quanto à posição C, diz respeito ao sintagma que representa o complemento da oração.
Vejamos um exemplo:

Todos os presentes aplaudiram o orador.
            S       V       C

Há orações em que as posições S e C podem estar ausentes:

             ø    chegaram ø

     Então, concluímos que podemos ter oração sem sujeito e sem complemento, mas sempre haverá um sintagma verbal, que é a base de uma oração.
     Lembremos que será a relação sintática entre os termos que determinará a função de cada um na oração. E como sintaxe é “ordem, disposição, relação”, esta implicará na organização e conseqüente função dos sintagmas na oração.

Sujeito
  O sujeito das orações da língua portuguesa pode ser determinado ou    indeterminado. Existem ainda as orações sem sujeito.
1 - Sujeito Determinado: é aquele que se pode identificar com precisão a partir da concordância verbal. Pode ser:
a) Simples
Apresenta apenas um núcleo ligado diretamente ao verbo.
Por Exemplo: rua estava deserta.
Observação: não se deve confundir sujeito simples com a noção de singular. Diz-se que o sujeito é simples quando o verbo da oração se refere a apenas um elemento, seja ele um substantivo (singular ou plural), um pronome, um numeral ou uma oração subjetiva.
Por Exemplo:
Os meninos estão gripados.
Todos cantaram durante o passeio.

b) Composto
Apresenta dois ou mais núcleos ligados diretamente ao verbo.
Tênis e natação são ótimos exercícios físicos. 

c) Implícito
Ocorre quando o sujeito não está explicitamente representado na oração, mas  pode ser identificado.
Por Exemplo:
Dispensamos todos os funcionários.
Nessa oração, o sujeito é simples e determinado, pois o sujeito nós é indicado pela desinência verbal - mos.

d) Oculto
O sujeito oculto acontece quando o agente da ação está implícito na frase, não está claro ou expresso. É chamado também de elíptico ou desinencial. Pode estar subentendido na desinência verbal ou em oração anterior.
Difere-se do sujeito indeterminado, pois neste não se sabe quem praticou a ação.
Difere-se do sujeito inexistente, pois diferente deste, o sujeito existe, pode ser determinado.
No sujeito oculto, podemos deduzir qual é o sujeito sem que muita investigação seja feita.Veja:
a) Não farei nenhuma bobagem. (sujeito: eu)
b) Os meninos vieram aqui em casa hoje. Deixaram uma bagunça na sala! (sujeito: os meninos)
c) Nós estamos muito acomodados. Precisamos fazer exercícios! (sujeito: nós)
d) Façam sua lição, garotas! (sujeito: garotas)

e) Indeterminado
  Ocorre quando não conseguimos determinar quem praticou a ação de fato. O sujeito existe, mas não conseguimos identificá-lo. Pode aparecer em duas situações:

1. O verbo aparece na terceira pessoa do plural dentro de um contexto, ou seja, de uma situação em que não foi citado o agente da ação anteriormente. Observe a diferença:

a) Armazenaram a comida em um depósito. (Alguém praticou a ação de armazenar, mas não se sabe quem.)

b) Os alunos fizeram a campanha de doação de alimentos. Então, armazenaram a comida em um depósito na escola. (É possível identificar quem praticou a ação de armazenar: os alunos).

2. O verbo aparece na terceira pessoa do singular e é acompanhado pelo pronome “se” como índice de indeterminação do sujeito, logo, a oração não possuirá objeto direto.

a) Precisa-se de voluntários no hospital.
b) Aluga-se apartamento neste condomínio.
c)  Come-se muito bem nesta 
cidade.

f) Oração sem sujeito ou sujeito inexistente
Algumas orações não possuem sujeito, somente predicado, o qual é formado por um verbo impessoal.
Mas o que é verbo impessoal? A definição é justamente a que foi dada acima, ou seja, verbos impessoais são aqueles que não possuem um sujeito. Estes surgem na terceira pessoa do plural, com exceção do verbo ser (É uma hora da tarde).
Nas orações com sujeito inexistente, a mensagem passada é focada no verbo e na informação contida nele. São verbos impessoais:

a)  Os que indicam fenômenos da 
natureza: amanhecer, chover, escurecer, esquentar, gear, nevar, relampejar, ventar.
1. Choveu esta noite como a muito não acontecia.
2. Esquentou um pouco agora.
3. Escureceu.

b) 
Os que indicam tempo decorrido ou fenômenos meteorológicos: ser, estar, fazer e haver.
1. São duas horas.
2. Está cedo!
3. Faz frio durante a noite e quando amanhece no mês de maio.
4. Há muito tempo não fazia tanto frio assim.

c) 
O verbo haver no sentido de existir ou acontecer.
1. Havia muita gente no concurso ontem.
2. Houve poucas inscrições, por isso foram prorrogadas.
3. Houve um caso assim na minha 
cidade, tudo acabou bem!

Importante: 
Quando os verbos que indicam fenômenos da natureza são empregados em sentido figurado, os sujeitos existem e concordam com o verbo:

a) 
Que as bênçãos de Deus chovam sobre vocês sem limites!
b) 
Então, seu olhar esquentou diante de uma paixão incontrolável!

Predicado


  O predicado funciona como termo essencial da oração, ou seja, é requisito básico para que a mesma seja dotada de sentido.
Para melhor entendermos, tomamos como exemplo: A garota obteve sucesso na apresentação.
  Compreendemos que o Sujeito é: A garota;
  O Predicado: obteve sucesso;
  O Complemento: na apresentação.

   Diante disso, classificamos o predicado como sendo o termo que revela a afirmação feita pelo sujeito. Para isso, voltamos ao exemplo anterior: Qual a afirmação dita pelo sujeito? “Que ela obteve sucesso na apresentação.”
   É de suma importância entender que o verbo é condição essencial para identificarmos o predicado dentro de uma oração, e este funciona como elemento principal da mesma.
   Assim como o sujeito, o predicado também classifica-se em três modalidades, são elas:

Predicado verbal:

   É aquele que tem por núcleo o próprio verbo, sendo que este expressa ideia de ação. Isto nos remete a ideia de correr, pular, nadar, jogar. entre outros. Exemplificando, temos:
   Os atletas percorreram todo o percurso durante a competição.

Predicado Nominal:

   Ocorre quando o verbo indicar “estado” como sendo característica do sujeito, e seu núcleo é representado por um nome. Neste tipo de predicado há os chamados verbos de ligação, ou seja, possuem a função de ligar o sujeito a uma determinada característica. Esta característica denomina-se como predicativo do sujeito, pois atribui qualidades ao mesmo.
 Vejamos o exemplo:
    O amor é lindo.
 Temos como sujeito: O amor, e como predicado: é lindo.
 O verbo é (ser) ligou o sujeito à sua característica (lindo).

Predicado verbo-nominal:
  É aquele que tem como núcleo um verbo e um nome ao mesmo tempo. O verbo de ligação neste caso fica subentendido. Note:
  Os garotos chegaram apreensivos. Temos o verbo indicando ação - chegar; e um predicativo do sujeito - apreensivos.
  O verbo de ligação mostra-se subentendido: Os garotos chegaram (e estavam) apreensivos.

Complementos Verbais:

Existem algumas palavras na língua portuguesa que necessitam de complementos para serem compreendidas adequadamente.

É o exemplo da palavra “necessidade”:

“Tenho necessidade de um médico.”

Como podemos ver acima, a palavra necessidade está sendo completada pelas palavras “um médico”. Esse termo é chamado de Complemento Nominal, porque serve para completar o sentido de um nome.
Acontece a mesma coisa com os verbos, eles também, em muitas situações, precisam ser completados para que se entenda o sentido que eles exprimem.

Ex: “Necessitamos de um médico urgentemente.”

No caso acima, ao invés de um “nome” (substantivo), temos um verbo. E como podemos notar, o complemento desse verbo é o mesmo do exemplo anterior “um médico”. Nesse caso, porém, como completa o sentido de um verbo, o termo “um médico” é chamado de Complemento Verbal.

Os complementos verbais podem ser:

Objeto Direto (completa os verbos transitivos diretos)

Ex: “A mãe queria imediatamente seu filho.”
No exemplo acima, chamamos o complemento “seu filho” de Objeto Direto, porque não vem acompanhado de preposição.
(“Quem quer, quer algo”) Este “algo” é o complemento do verbo querer. Neste caso: “queria seu filho”.

Objeto Indireto (completa os verbos transitivos indiretos)

Ex: “A cozinheira precisava de ajuda.”

No exemplo acima, chamamos o complemento “ajuda” de Objeto Indireto, porque vem acompanhado de preposição (de).
(“Quem precisa, precisa de algo”) Este “algo” é o complemento do verbo precisar. Neste caso: “precisava de ajuda”.
Predicativo do Sujeito

O predicativo do Sujeito não é considerado, por alguns gramáticos, um complemento verbal, mas quando vem em seguida de um verbo de ligação, ele se comporta semelhantemente aos Objetos Direto e Indireto, completando o sentido do verbo.

Ex: “O rapaz está adoentado.”

No exemplo acima, chamamos o complemento “adoentado” de Predicativo do Sujeito, porque caracteriza o sujeito e vem em seguida de um verbo de ligação.

OBS: Para definir qual o complemento verbal, uma dica é observar o verbo ao qual este se liga. Se o verbo for de LIGAÇÃO, então é porque trata-se de um Predicativo, se o verbo for TRANSITIVO DIRETO é porque se trata de umObjeto Direto, e se o verbo for TRANSITIVO INDIRETO é porque seu complemento é um Objeto Indireto.

CARACTERÍSTICAS MORFOSSINTÁTICAS DOS COMPLEMENTOS VERBAIS.

      Acabamos de ver os complementos obrigatórios do verbo, ou seja, os objetos – direto e indireto – e o predicativo do sujeito. Os primeiros articulam-se a um verbo transitivo, cujo sentido é incompleto e exige o complemento, regido ou não de preposição. Já o segundo, o predicativo do sujeito, articula-se ao verbo de ligação, complementando o predicado, visto que esse tipo de verbo apenas relaciona o sujeito ao seu complemento.
      Veremos, então, algumas características morfossintáticas desses complementos, a fim de facilitar a identificação desses elementos na oração. Depois veremos outros complementos verbais, ou seja, os complementos não obrigatórios que também podem ocorrer na oração.
      Assim como apresentamos o método prático para localizar o sujeito na oração, sugerido por Sautchuk, veremos que o objeto direto (O.D.) também apresenta peculiaridades que possibilitam sua identificação.
      A primeira delas é que a natureza morfológica do O.D. é substantiva, isto é, ele é representado por um sintagma nominal. Este pode ser substituído por um pronome pessoal (assim como o sujeito), mas por ocupar a posição C (na estrutura SVC), dever ser substituído por um pronome pessoal oblíquo.

(24)   O povo perdeu a esperança. (?)

      Sim, o povo perdeu-a

      Veja que utilizando o método de transformar a oração em pergunta e, ao respondê-la, substituir o sintagma pelo pronome pessoal, o sintagma “a esperança” foi trocado por “a”, uma vez que ocupa a posição C e, portanto, é o objeto da oração. De acordo com a norma culta, pronome pessoal reto não pode ocupar a posição C, então não poderia ser “Sim, o povo perdeu ela.” Esse tipo de pronome apenas pode ocupar a posição S (de sujeito).
      Outra característica importante para identificar o objeto direto é que o sintagma nominal que  o representa é autônomo (e não interno). Além disso, o pronome oblíquo que pode substituí-lo deve concordar em gênero/número com o núcleo do objeto.
      Outro método sugerido pela autora para confirmar se o termo analisado é objeto direto é o de transformar a oração em voz passiva. Assim, veremos que o objeto é um “sujeito disfarçado”.

(25)   O povo perdeu a esperança./ A esperança foi perdida pelo povo.

      No exemplo (25), ao passarmos a oração para a voz passiva, o objeto direto (na voz ativa) torna-se sujeito da oração (na voz passiva). Por isso, dizemos que o objeto é um “sujeito disfarçado”.

      Quanto ao objeto indireto (O.I.), este é representado por um sintagma preposicionado (o que pode confundi-lo com o adjunto adverbial) e é obrigatório na oração. Pode ser também substituído por um pronome oblíquo – lhe(s) – principalmente quando regido por preposição “a”. As preposições mais comuns como introdutórias desse tipo de sintagma são “em, a, para, de, com, por”.
      Como pode ser confundido como adjunto adverbial, ressaltamos que este, apesar de ser também representado por um sintagma preposicionado, não é obrigatório na oração, mas acessório, ao passo que o O.I. é obrigatório.

(26)   Sugeri ao menino um banho.

(27)   Sairemos ao amanhecer.

      Em (27) o sintagma preposicionado “ao menino” é complemento obrigatório do verbo e, portanto, objeto indireto. Já no exemplo (27), o sintagma “ao amanhecer”, embora seja preposicionado, não é obrigatório, pois o verbo já tem 100% de carga semântica, por isso tem a função de adjunto adverbial, uma vez que se trata de uma circunstância de tempo que modifica o verbo.
      O predicativo do sujeito (P.S.), enquanto complemento obrigatório, articula-se a um verbo de ligação. Todavia, esse tipo de complemento pode ocorrer com verbos que não sejam de ligação, como um complemento acidental na oração.

      (28) Os meninos pareciam agitados.

      (29) Os meninos chegaram agitados.

      Na oração do exemplo (28), o sintagma que corresponde ao predicativo do sujeito, “agitados” (de natureza adjetiva), é obrigatório, tendo em vista o verbo “pareciam” ser de ligação. Já em (29), o verbo “chegaram” é intransitivo, o que torna o predicativo acidental, circunstancial e não obrigatório.
      As gramáticas tradicionais, inclusive, classificam esse tipo de predicado (que apresenta verbo intransitivo/transitivo e predicativo do sujeito) como predicado verbo-nominal, pelo fato de apresentar um verbo significativo, que é núcleo do predicado verbal, e um outro sintagma que corresponderia ao núcleo do predicado nominal (segundo o ponto de vista da gramática tradicional).
      Não vamos, entretanto, ater-nos a essa classificação do predicado. O importante é entendermos a articulação dos verbos que se encontram no interior dele.
      Retomando o predicativo do sujeito, verificamos que o sintagma que corresponde a ele também é autônomo (e não interno) e por ser de natureza adjetiva, normalmente é representado por um sintagma adjetival, o que não impede que seja representado por outro tipo de sintagma (nominal, por exemplo), mas que tenha característica adjetiva.

      (30) A festa foi horrível.

      (31) A festa foi um fracasso.

      Em (30), o sintagma que representa o predicativo do sujeito – “horrível” – é adjetival. No entanto, em (31), o sintagma “um fracasso” é nominal, mas equivale a um adjetivo em relação ao sujeito “A festa”.
      Assim como predicativo do sujeito, pode haver predicativo do objeto (P.O.) na oração. Este tem as mesmas características do predicativo do sujeito, com a diferença de articular-se ao objeto e não ao sujeito.
      Os verbos que apresentam esse tipo de predicação são denominados “transobjetivos” por Sautchuk (2004). São eles: eleger, encontrar, julgar, nomear, considerar, proclamar, achar.

      (32) Considero esse garoto um chato.

      Veja que no exemplo (32), o sintagma “um chato” é um sintagma autônomo, de natureza adjetiva, mas se refere ao objeto direto “esse garoto” e não ao sujeito da oração, que está oculto (eu). Portanto, esse sintagma representa o predicativo do objeto e não o predicativo do sujeito.

FUNÇÃO SINTÁTICA DOS SINTAGMAS AUTÔNOMOS E INTERNOS.

      Retomando a classificação dos sintagmas em autônomos ou internos, passamos a verificar as funções sintáticas (algumas já apresentadas) desses sintagmas na oração.
      Como já fora visto, os sintagmas autônomos são os que podem ser deslocados no eixo sintagmático da oração, portanto, podemos, a grosso modo, dizer que eles “têm vida própria”. É o que acontece com sintagmas que têm a função de sujeito, de objeto (direto ou indireto), de predicativo (do sujeito ou do objeto), de agente da passiva, de adjunto adverbial, de aposto e de vocativo.
      Quanto aos sintagmas internos, estes encontram-se subordinados a outros sintagmas, visto que encontram-se dentro deles e, por isso, não podem ser deslocados na oração. É o caso do adjunto adnominal e do complemento nominal.
      Dentre os autônomos, ainda não tratamos de alguns, que serão apresentados a seguir, como o agente da passiva, o aposto e o vocativo. Os demais encontram-se já descritos anteriormente.
      Quando o oração encontra-se na voz passiva, há um novo constituinte dessa oração, que se denomina agente da passiva. Vejamos o exemplo que segue.

(33)   O espetáculo foi apresentado pelo locutor.

      No exemplo, temos como sujeito “o espetáculo”. Todavia, essa oração encontra-se na voz passiva analítica, em que a estrutura é: sujeito + verbo auxiliar + verbo principal na forma nominal particípio + agente da passiva.
      Portanto, o sintagma “pelo locutor” tem a função de agente da passiva. As características desse sintagma são : sintagma preposicionado, introduzido pela preposição por (pelo = per < por + o), autônomo.
      Vejamos, então, as funções de aposto e vocativo dos sintagmas autônomos, as quais ainda não foram tratadas. Segundo a gramática tradicional, esses termos são acessórios na oração.  
      O aposto é representado, geralmente, por um sintagma de natureza substantiva e ele tem a função de explicar, resumir ou desenvolver outro termo sintático já existente na oração. Muitas vezes ele é confundido com o sujeito ou com o predicativo do sujeito. Vejamos nos exemplos como ele pode apresentar-se.
     
(34)   Brasília, a capital do Brasil, é uma cidade plana.

(35)   Crianças, jovens, adultos, todos pareciam muito irritados.

      No exemplo (34), o sintagma que representa o aposto é “a capital do Brasil”. Nessa oração, o sujeito é “Brasília”, portanto o aposto está retomando o sujeito, seria dispensável, daí a sua característica de termo acessório. O sintagma tem como núcleo “capital”, portanto é de base morfológica substantiva e é autônomo, sendo destacado, inclusive, pela pontuação.
      Quanto ao exemplo (35), neste o termo “todos” resume todos os outros que representam o sujeito “crianças, jovens, adultos”. Ele seria também dispensável na oração. Assim como no exemplo anterior, é um sintagma de natureza substantiva, autônomo e um complemento não obrigatório na oração.
      A natureza substantiva do sintagma que representa o aposto é uma das características que o diferencia do predicativo do sujeito, cujo sintagma é de natureza adjetiva.
      Outro termo representado por sintagma autônomo, porém não necessário em uma oração, é o vocativo. Esse termo tem por função apenas invocar mesmo, chamar a atenção do interlocutor. O sintagma que o representa é de natureza substantiva e, assim como o aposto, é destacado pela pontuação, tornando- isolado na oração, por isso muitas vezes os dois termos são confundidos em sua classificação. Vejamos um exemplo.

(36)   Meu filho, seja forte nessa hora.

      O sujeito no exemplo (36)  encontra-se oculto e pode ser identificado como “você”. Então, o sintagma “meu filho” representa a forma utilizada para chamar a atenção do interlocutor, portanto trata-se do vocativo da oração, que seria desnecessário na sua estrutura.
      Tendo tratado dos sintagmas autônomos, resta-nos tratar dos sintagmas internos que ainda não foram descritos, ou seja, do adjunto adnominal e do complemento nominal.
      Assim como o aposto e o vocativo, o adjunto adnominal é acessório, isto é, embora seja um sintagma interno (está subordinado a outro sintagma), ele não é um complemento obrigatório na oração.
      Além disso, outra característica desse termo é que, por ser um sintagma interno, está sempre preso a um núcleo substantivo. Portanto, uma oração pode apresentar tantos adjuntos adnominais quantos forem os núcleos substantivos.
      Do ponto de vista morfológico, os adjuntos adnominais são representados por determinantes ou modificadores do substantivo. Vejamos exemplos.
     
(37)   As duas meninas de azul oferecerem uma rosa à mulher de preto.

      Nesse exemplo (37), vamos, primeiramente, isolar os sintagmas autônomos que tenham como núcleo substantivos. São eles:
(a)  As duas meninas de azul
(b)  uma rosa
(c)  à mulher de preto

      Em (a) o núcleo é “meninas”, portanto, “as”, “duas” e “de azul” são adjuntos adnominais, pois o primeiro termo determina o gênero e o número do substantivo, enquanto o segundo quantifica-o e o terceiro modifica-o.
      No sintagma (b), o núcleo é o substantivo “rosa”, cujos gênero e número são determinados por “uma”, que representa o adjunto adnominal.
      E no sintagma (c ), para o núcleo “mulher”, temos como adjuntos adnominas “a”- artigo (da contração prep. a + artigo a) – lembrando  que a preposição é apenas um relator, não tem função sintática – e  o sintagma “de preto”, que tem a função de modificador do substantivo.
      O complemento nominal, embora seja também um sintagma interno, diferencia-se do adjunto adnominal por ser um complemento obrigatório, semelhante aos complementos verbais – objeto direto e objeto indireto.
      Esse termo é sempre representado por um sintagma preposicionado (interno) exigido para complementar o sentido de algum termo da oração, que seja representado por um substantivo, adjetivo ou advérbio, regidos de preposição.
      Quando ele complementa um substantivo, pode ser confundido como o adjunto adnominal. Por isso, nesse caso, o valor semântico pode ser mais decisivo para a classificação de um ou outro. Entretanto, uma característica acentuada é o complemento nominal ser uma nominalização de um verbo transitivo, o que, todavia, não assegura a sua classificação em casos polêmicos.
      Vejamos alguns exemplos.

(38)   O retorno dos amigos é sempre uma alegria. 
(39)   Você foi a salvação de todos.
(40)   A saída do show foi tumultuada.
(41)   Vamos ouvir a execução da sentença.

      Nos exemplos anteriores, podemos transformar os nomes em verbos: em (38), temos “os amigos retornaram”; em (39), “todos se salvaram”; em (40), “saíram do show”; em (40), “a sentença executou-se (ou foi executada)”. Então, em cada exemplo, respectivamente, os complementos nominais são: “dos amigos”, “de todos”, “do show” e “da sentença.

Como já foi visto, os sintagmas autônomos são os que podem ser deslocados no eixo sintagmático da oração, portanto, podemos, a grosso modo, dizer que eles “têm vida própria”. É o que acontece com sintagmas que têm a função de sujeito, de objeto (direto ou indireto), de predicativo (do sujeito ou do objeto), de agente da passiva, de adjunto adverbial, de aposto e de vocativo.

Dentre os autônomos, ainda não tratamos de alguns que serão apresentados a seguir, como o agente da passiva, o aposto e o vocativo. Os demais se encontram já descritos anteriormente.
Agente da passiva:
  É o termo da frase que pratica a ação expressa pelo verbo quando este se apresenta na voz passiva. Vem regido comumente da preposição "por" e eventualmente da preposição "de".
Por Exemplo:
  A vencedora           foi escolhida               pelos jurados.
      Sujeito                      Verbo                     Agente da 
      Paciente                 Voz Passiva                 Passiva
Ao passar a frase da voz passiva para a voz ativa, o agente da passiva recebe o nome de sujeito. Veja:
Os jurados             escolheram                a vencedora.
   Sujeito                      Verbo                        Objeto Direto
                                    Voz Ativa
Outros exemplos:
     Joana                é amada           de muitos.
Sujeito   Paciente                   Agente da   Passiva

   Essa situação        já era conhecida         de todos.
Sujeito  Paciente                               Agente da  Passiva
                                              
Observações:
a) O agente da passiva pode ser expresso por substantivos ou pronomes.
Por Exemplo:
O solo foi umedecido pela chuva. (substantivo)
Este livro foi escrito por mim. (pronome)
b) Embora o agente da passiva seja considerado um termo integrante, pode muitas vezes ser omitido.
Por Exemplo:
O público não foi bem recebido. (pelos anfitriões)

Aposto:
Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. Vem separado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos ou travessão.

Por Exemplo:
Ontem, Segunda-feira, passei o dia com dor de cabeça.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo a que se relaciona porque poderia substituí-lo. Veja:
Segunda-feira passei o dia com dor de cabeça.

Obs.: após a eliminação de ontem, o substantivo Segunda-feira assume a função de  adjunto adverbial de tempo.
Veja outro exemplo:

Aprecio
todos os tipos de música:
MPB, rock, blues, chorinho, samba, etc.

Objeto Direto
Aposto do Objeto Direto
Se retirarmos o objeto da oração, seu aposto passa a exercer essa função:
Aprecio
MPB, rock, blues, chorinho, samba, etc.

Objeto Direto

Obs.: o termo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer função sintática (inclusive a de aposto).

Vocativo:

Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.  Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso. Veja os exemplos:
Não fale tão alto, Rita!
                             Vocativo

Senhor presidente, queremos nossos direitos!
  Vocativo

A vida, minha amada, é feita de escolhas.
              Vocativo
Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está dirigindo a palavra.
Obs.: o vocativo pode vir antecedido por interjeições de apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.
Por Exemplo:
Ó Cristo, iluminai-me em minhas decisões.
Olá professora, a senhora está muito elegante hoje!
Eh! Gente, temos que estudar mais.


Tendo tratado dos sintagmas autônomos, resta-nos tratar dos sintagmas internos que ainda não foram descritos, ou seja, do adjunto adnominal e do complemento nominal.

Adjunto adnominal:

É o termo que determinaespecifica ou explica um substantivo. O adjunto adnominal possui função adjetivana oração, a qual pode ser desempenhada por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, pronomes adjetivos enumerais adjetivos. Veja o exemplo a seguir:
O poeta inovador
enviou
dois longos trabalhos
ao seu amigo de infância.
Sujeito
Núcleo do Predicado Verbal
Objeto Direto
Objeto Indireto

Na oração acima, os substantivos poeta, trabalhos e amigo são núcleos, respectivamente, do sujeito determinado simples, do objeto direto e do objeto indireto. Ao redor de cada um desses substantivos agrupam-se os adjuntos adnominais:
o artigo" o" e o adjetivo inovador referem-se a poeta;
o numeral dois e o adjetivo longos referem-se ao substantivo trabalhos;
o artigo" o" (em ao), o pronome adjetivo seu e a locução adjetiva de infância são adjuntos adnominais deamigo.
complemento nominal: Complemento Nominal
   É o termo que completa o sentido de uma palavra que não seja verbo. Assim, pode referir-se a substantivos, adjetivos ou advérbios, sempre por meio de preposição.

Exemplos:
Cecília tem        orgulho                da filha.
                        substantivo          complemento nominal
Ricardo estava   consciente        de tudo.
                               adjetivo       complemento nominal
A professora agiu       favoravelmente      aos alunos.
                                             advérbio        complemento nominal
Saiba que:
  O complemento nominal representa o recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um nome. É regido pelas mesmas preposições do objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa nomes (substantivos, adjetivo
s) e alguns advérbios em -mente.

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO:
Já sabemos que num período composto por coordenação as orações são independentes e sintaticamente equivalentes.
Observe:

As luzes apagam-se, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo.
O período é composto de três orações:
As luzes apagam-se;
abrem-se as cortinas;
e começa o espetáculo.
   As orações, no entanto, não mantêm entre si dependência gramatical, são independentes. Existe entre elas, evidentemente, uma relação de sentido, mas do ponto de vista sintático, uma não depende da outra. A essas orações independentes, dá-se o nome de  orações coordenadas, que podem ser assindéticas ou sindéticas. 
   A conexão entre as duas primeiras é feita exclusivamente por uma pausa, representada na escrita por uma vírgula. Entre a segunda e a terceira, é feita pelo uso da conjunção "e". As orações coordenadas que se ligam umas às outras apenas por uma pausa, sem conjunção, são chamadas assindéticas. É o caso de "As luzes apagam-se" e "abrem-se as cortinas". As orações coordenadas introduzidas por uma conjunção são chamadas sindéticas. No exemplo acima, a oração "e começa o espetáculo" é coordenada sindética, pois é introduzida pela conjunção coordenativa "e".
Obs.: a classificação de uma oração coordenada leva em conta fundamentalmente o aspecto lógico-semântico da relação que se estabelece entre as orações.

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO:

Classificação das Orações Subordinadas
As orações subordinadas dividem-se em três grupos, de acordo com a função sintática que desempenham e a classe de palavras a que equivalem. Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. Para notar as diferenças que existem entre esses três tipos de orações, tome como base a análise do período abaixo:
Só depois disso percebi a profundidade das palavras dele.
Nessa oração, o sujeito é "eu", implícito na terminação verbal da palavra "percebi". "A profundidade das palavras dele" é objeto direto da forma verbal "percebi". O núcleo do objeto direto é "profundidade".Subordinam-se ao núcleo desse objeto os adjuntos adnominais "a" "das palavras dele ". No adjunto adnominal "das palavras dele", o núcleo é o substantivo "palavras", ao qual se prendem os adjuntos adnominais "as" "dele""Só depois disso" é adjunto adverbial de tempo.
   É possível transformar a expressão "a profundidade das palavras dele", objeto direto, em oração. Observe:
Só depois disso percebi que as palavras dele eram profundas.
Nesse período composto, o complemento da forma verbal "percebi" é a oração "que as palavras dele eram profundas". Ocorre aqui um período composto por subordinação, em que uma oração desempenha a função de objeto direto do verbo da outra oração. O objeto direto é uma função substantiva da oração, ou seja, é função desempenhada por substantivos e palavras de valor substantivo. É por isso que a oração subordinada que desempenha esse papel é chamada de oração subordinada substantiva.
Pode-se também modificar o período simples original transformando em oração o adjunto adnominal do núcleo do objeto direto, "profundidade". Observe:
Só depois disso percebi a "profundidade" que as palavras dele continham.
Nesse período, o adjunto adnominal de "profundidade" passa a ser a oração "que as palavras dele continham". O adjunto adnominal é uma função adjetiva da oração, ou seja, é função exercida por adjetivos, locuções adjetivas e outras palavras de valor adjetivo. É por isso que são chamadas de subordinadas adjetivas as orações que, nos períodos compostos por subordinação, atuam como adjuntos adnominais de termos das orações principais.
Outra modificação que podemos fazer no período simples original é a transformação do adjunto adverbial de tempo em uma oração. Observe:
Só quando caí em mim, percebi a profundidade das palavras dele.
Nesse período composto, "Só quando caí em mim" é uma oração que atua como adjunto adverbial de tempo do verbo da outra oração. O adjunto adverbial é uma função adverbial da oração, ou seja, é função exercida por advérbios e locuções adverbiais. Portanto, são chamadas de subordinadas adverbiais as orações que, num período composto por subordinação, atuam como adjuntos adverbiais do verbo da oração principal.

A gramática tradicional denomina “sindéticas” as orações que têm conjunção. E são essas conjunções coordenativas que designam a classificação para as orações.

De acordo com Bechara (2001), são três as relações estabelecidas pelas conjunções coordenativas (ou conectores):

1. Aditiva: adiciona orações.
  
2. Adversativa: contrapõe o conteúdo de uma oração em relação à outra.
  
3. Alternativa: contrapõe o conteúdo de uma oração ao de outra, com a ideia de exclusão de um em relação ao outro, ou seja, de escolha, de alternativa.
  
A gramática tradicional relaciona, ainda, orações coordenadas que apresentam conjunções conclusivas, explicativas e causais.
  
Assim como há orações coordenadas introduzidas por conjunções, há períodos em que elas se justapõem, ou seja, em que elas encontram-se ligadas sem marcas linguísticas, apenas distintas pela pontuação. É o que a gramática tradicional denomina oração coordenada assindética (= sem conjunção). Esse procedimento de enlace das orações pode ser chamado de justaposição.
  
Orações subordinadas substantivas

Se a oração substantiva equivale a um sintagma nominal, ela exercerá a função que este teria na oração complexa (ou período composto por subordinação) em que se encontra.  

 A partir das funções que podem exercer o sintagma nominal, a oração subordinada substantiva pode ser: subjetiva, objetiva direta, objetiva indireta, completiva nominal, predicativa ou apositiva.

A fim de facilitar a classificação das orações subordinadas substantivas, um método prático de substituir a oração subordinada pelo pronome “isso” e, a partir da substituição, observar que função assumiria em um período simples.
  
Orações subordinadas adverbiais

As orações adverbiais, assim como os sintagmas adverbiais, têm a função de modificar o verbo, indicando-lhe uma circunstância. Dessa forma, essas orações classificam-se de acordo com a circunstância que indicarem em relação à oração principal.  


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