quinta-feira, 13 de junho de 2013

Cecília Meireles








 Canção
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar


Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.




No ano de mil novecentos e cinquenta e seis, Cecília Meireles lançou um livro de nome Canções. Um livro de poemas elaborados com alguns aspectos já absorvidos da influencia modernista.
A tristeza e a melancolia são o tema deste instante poético. Permeando a dor e as consequências das decisões tomadas ao longo da vida, o poeta aponta os efeitos causados por estas à alma. Não é sem dor “a noite se curva de frio” ou sem consequências “meus olhos secos como pedras / e as minhas duas mãos quebradas” que o eu poético decide abrir mão de seus sonhos “depois, abri o mar com as mãos, / para o meu sonho naufragar”
O poeta utiliza-se da alegoria de um navio naufragando para falar da morte de seus sentimentos ou desejos, da destruição de seus sonhos “debaixo da água vai morrendo/ meu sonho, dentro de um navio”. Os sonhos naufragados são sonhos não realizados, indicando que, por certo tempo, o eu lírico dedicou-se a eles; até preparou-lhes um lugar especial. Mas, ao mesmo tempo, parece ante ver-lhes o insucesso, como se previsse o naufrágio. E assim prevendo, antecipando, decide ele mesmo destruí-los, naufragá-los.
A beleza natural causa-lhe perplexidade e contrasta vivamente com o fizera. Parece um assassino que acabara de matar sua vítima indefesa e agora contemplava o sangue a escorrer entre seus dedos. O que fizera? 
O vento pode ser interpretado como um pressentimento, das consequências, da dor que está por vir. O vento tanto pode levar embora quanto trouxer; este parece trazer. O que ele traz? O frio da solidão? A dor futura companheira? Seja como for, o poeta pressente sua presença e, antecipadamente, sofre.
O poeta parece ter pressa, por isso, está disposto a fazer o que for preciso para livrar-se do sentimento, desse sonho, que antes guardara com tanto desvelo. O que interessa, agora, é afundá-lo completamente, de forma a sequer haver qualquer sinal de sua presença. A ideia de lágrimas enchendo o mar para afundar um navio, pode significar a ação voluntária de subverter o sonho de uma vez por todas e o mais rapidamente possível.
O mundo parece continuar, como se nada houvesse acontecido; ninguém parece notar o aniquilamento interior do poeta; ele, tampouco, o quer demonstrar; esconde, finge, interpreta. Aparentemente, tudo está bem e não há mais lágrimas para chorar. Ou, quem sabe, a tristeza tamanha que agora carregue, segue-lhe os olhos. Suas mãos, autoras da ação destruidora, estão agora, elas próprias, destruídas, incapazes de novamente realizar semelhante ação. Marcas visíveis de seu sofrimento, de sua automutilação.

O tema melancólico do poema sugere a tristeza causada pela perda dos sonhos, mas não para aí. Sugere, também, a determinação em superar essa tristeza. Tristeza essa causada por suas próprias mãos, mostrando ser possível, ainda que não sem dor, extirpar desejos, sonhos ou sentimentos destrutivos antes que sejamos por eles destruídos.
O poema integra o livro Canções, de mil novecentos e cinqüenta e seis, onde a maioria dos textos era composta de versos de cinco sílabas.
Observando as estrofes, estamos diante de uma composição disposta em quadras num esquema rítmico 6(3-6), conforme os versos abaixo:
As – sim – MO – ro em – meu – SO (nho) E.R. 6(3-6)
1      2        3        4             5        6      
Co – mo um – PEI – xe – no – MAR E.R. 6(3-6)
1         2              3      4       5     6   
Quanto à métrica estamos diante de um hexassílabo isométrico ou heroico quebrado, constituído de dois anapestos. 
Explico: Versos de seis sílabas poéticas, tônicas nas posições três e seis.
Adiante no poema constataremos variação na acentuação nos versos cinco, quinze e dezesseis; que será analisado quanto à constituição da tensão rítmica, um dado importante e raramente considerado.
Como a classificação dada ao metro sugere, entendo que estamos diante de um ritmo clássico, que proporciona uma apreciação fluente possibilitando o estabelecimento de tensão rítmica nas variações aplicadas no poema.
A construção da pauta rítmica é importante neste poema, pois ele realiza funções sintáticas e semânticas nas anotações variáveis do ritmo, o que tornará a leitura uma relação de aproximação com a proposta do autor.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Análise do Poema de Sete Faces de Carlos Drummond de Andrade








UNIP
UNIVERSIDADE PAULISTA
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
JUNHO DE 2013


Adriana Ferreira- RA:B0357C-0
Erika Viana- RA: B15IHH- 6
Regina Claudia Kanemoto- RA: B0395C- 0

Renata dos S. Oliveira - RA: A8091J-5


   “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício
 da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, 
na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos 
do sofrimento, perdemos também a felicidade.”

Carlos Drummond de Andrade




O MODERNISMO NO BRASIL E CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Análise do poema de sete faces


                                      

Para uma melhor análise de qualquer texto é necessário que saibamos os antecedentes históricos, do país, do autor e o que ocorria no mundo durante o período em que o texto foi escrito. Portanto para analisar e compreender as obras de Carlos Drummond de Andrade, devemos nos questionar: o que o levou a escrever ? De qual ou quais movimentos literários ele participou? A partir daí poderemos compreender suas obras, ou de outros autores.





CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1902-1987)


         Drummond nasceu em Itabira- MG, mudou-se para Belo Horizonte onde estudou Farmácia. Durante seus estudos participou de movimentos modernistas. Em 1925 foi co- fundador de A Revista, em 1930 publicou sua primeira obra “Alguma Poesia” um marco para a segunda fase do Modernismo. Em 1933 mudou-se para o Rio de Janeiro, simpatiza com movimentos socialistas e escreve para jornais, até sua morte em 1987.






 PRÉ-MODERNISMO

         O Modernismo, ou melhor o pré-modernismo, influenciado pelas vanguardas européias, foi um momento de transição, de libertação das tradições literárias, anteriores. Os pré-modernistas, buscavam mostrar aos brasileiros que eles estavam alienados às questões sociais, até que em 1922 durante a Semana de Arte Moderna , inicia-se a fase Heróica, rompendo com o passado e tendo como precursores, Oswald de Andrade e Mário de Andrade.
            As obras expostas, e os textos lidos não foram muito bem aceitos, os jornais da época criticaram os artistas, porém, em vez de se sentirem, ofendidos, os artistas alcançaram seus objetivos. Chocar a sociedade.






ROMANCE DE 30

A segunda fase do Modernismo (1930-1945) ou Romance de 30, é conhecida também como a fase da consolidação, das conquistas da geração anterior esta segunda fase se divide em dois grupos: Prosa: representados por José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado.e a Poesia: representado por Cecília Meireles, Vinicius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade.  
 Segundo CEREJA E MAGALHÃES, 2010.p.142 Unindo ideologia, análise sociológica e psicológica as novas técnicas narrativas o romance de 30 constitui um dos melhores momentos da ficção brasileira. O modernismo foi caracterizado, no campo da poesia, pelo amadurecimento e pela ampliação das conquistas dos primeiros modernistas.“É difícil generalizar quando se fala do Romance de 30 porque não foi um movimento literário organizado em torno de balizas rigorosas. A poesia modernista se consolida e alarga seus horizontes temáticos. As ousadias, por vezes excessivas, da geração de 1922 vão se abrandando tem-se então um Período extremamente rico tanto em termos de produção poética quanto de prosa.
Este período é marcado por conflitos internos e momentos históricos que modificaram a historia mundial: queda da bolsa de Nova Iorque (1929), Crise Cafeeira (década de 30), inicia do Nazifascismo (1932), Revolução de 30 (1930), Revolução Constitucionalista de 32 (09/07/1932).
Todos estes acontecimentos exigiram um amadurecimento e uma nova postura por parte, destes artistas, diante da realidade.O romance brasileiro de então, encontrando no regionalismo uma de suas principais vertentes, ganha matizes ideológicas e se transforma num importante instrumento de análise e denúncia da realidade brasileira.No aspecto formal, o verso livre foi o melhor recurso para exprimir sensibilidade do novo tempo.Era isso que Drummond buscava quando disse que seria gauche (torto) na vida. Ele iria observar os acontecimentos da época a sua maneira.
Drummond apresenta suas obras, características marcantes do modernismo e ao mesmo tempo, os conflitos que o Brasil vivia durante esse período. Suas obras são marcadas pela ironia, o humor e a linguagem coloquial. A vontade do poeta de participar e tentar transformar o mundo, as reflexões sobre a vida e a morte e as recordações do poeta. As poesias de Carlos Drummond possuem características próprias como a abordagem do: indivíduo: "um eu todo retorcido,da terra natal, a família, os Amigos,o choque Social, o amor, a Poesia e a reflexão existencial. Drummond carregava os sentimentos advindos do Modernismo, não só nesta obra, mas nas demais é possível notar "um eu todo retorcido", as lembranças de sua terra natal, a família, amigos, o choque social, amor e os jogos com as palavras.Sentimentos, estes que vieram da necessidade do patriotismo, de se livrar das regras ditadas, pelas escolas literárias anteriores, de lutar por uma liberdade literária, em meios a golpes de estado, guerras e revoluções... Drummond se deslocava, procurava conhecer o mundo e mantinha seu olhar atento aos acontecimentos fossem eles em Itabira ou às margens do Rio da Volga na Rússia.








POEMA DE SETE FACES


Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.


As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.


Mundo, mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo, mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.




Poema de sete faces declamado na voz de Paulo Autran





fonte: https://www.youtube.com/watch?v=CtcXepjGeaU



ANÁLISE


Publicado em seu primeiro livro, Alguma poesia, de 1930, no Poema de sete faces, de Carlos Drummond de Andrade, o poeta aborda assuntos como o desejo sexual desenfreado dos homens, questiona sobre o seu próprio eu e faz uma cobrança a Deus. Através de metáforas ele revela a sua visão desesperançada diante da vida e do mundo.
O título “sete faces” representa as sete estrofes trabalhadas no poema, que tem um perfil autobiográfico, algo que o autor evidencia já na primeira estrofe quando fala em 1ª pessoa e utiliza seu próprio nome.
“Nas estrofes seguintes ele revela seu deslocamento diante da vida,na 5ª estrofe por exemplo ele questiona Deus,e até nos remete a uma passagem bíblica em que Jesus no momento de sua crucificação diz”: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”Existe uma semelhança entre ambos quanto ao relacionamento com o mundo,ambos se sentem vitimas ,porém o poeta sabe que diferentemente de Cristo,ele não é Deus e sim um gauche (desajeitado,estranho) como o anjo disse em seu nascimento.
O poema mostra o deslocamento do poeta diante da vida,como ele se via desajustado perante esse mundo,que para ele só não era mais vasto que nós,seres humanos,na 6ª estrofe o poeta confronta-se com a realidade exterior,o vasto mundo do qual somos uma pequena parcela e no qual estamos mergulhados, estamos diante da afirmação que nosso ser é mais vasto que o mundo.






TRANSIÇÃO PARA A TERCEIRA FASE


Em 1945, Carlos Drummond de Andrade publica, o poema intitulado "Nosso tempo", que revela o estado de ânimo da parcela mais consciente da sociedade.

Nosso Tempo (fragmento)

I
Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.

Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.

II
Esse é tempo de divisas,
tempo de gente cortada.
De mãos viajando sem braços,
obscenos gestos avulsos.

Mudou-se a rua da infância.
E o vestido vermelho
vermelho
cobre a nudez do amor,
ao relento, no vale.

Símbolos obscuros se multiplicam.
Guerra, verdade, flores?
Dos laboratórios platônicos mobilizados
vem um sopro que cresta as faces
e dissipa, na praia, as palavras.

A escuridão estende-se mas não elimina
o sucedâneo da estrela nas mãos.
Certas partes de nós como brilham! São unhas,
anéis, pérolas, cigarros, lanternas,
são partes mais íntimas,
e pulsação, o ofego,
e o ar da noite é o estritamente necessário
para continuar, e continuamos.

III
E continuamos. É tempo de muletas.
Tempo de mortos faladores
e velhas paralíticas, nostálgicas de bailado,
mas ainda é tempo de viver e contar.
Certas histórias não se perderam.
Conheço bem esta casa,
pela direita entra-se, pela esquerda sobe-se,
a sala grande conduz a quartos terríveis,
como o do enterro que não foi feito, do corpo esquecido na mesa,
conduz à copa de frutas ácidas,
ao claro jardim central, à água
que goteja e segreda
o incesto, a bênção, a partida,
conduz às celas fechadas, que contêm:
papéis?
Crimes?
Moedas?
...











BIBLIOGRAFIA:
AMARAL (et. al) Português: Novas Palavras: literatura, gramática, redação, São Paulo: FTD, 2000.
ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987 José e Outros, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Best Seller,2006.
CEREJA, W R, MAGALHÃES, Português Linguagens, 7ª Ed. São Paulo: Saraiva,2010.
CHAVES, Rita margens do texto- Carlos Drummond de Andrade, São Paulo: Scipione, 2003.




MATERIAL DE PESQUISA

— Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/literatura/poesiamoderna/poesiamoderna_1.html acessado em 02/06/2013 as 18:32
— Disponível em: http://www.slideshare.net/eeadolpho/segunda-fase-do-modernismo-no-brasil acessado em 02/06/2013 as 20:47
— Disponível em: http://profaclaudiacem804.webnode.com.br/news/modernismo-romance-de-30/  acessado em 25/05/2013 as 18:07
— Disponível em: http://www.infoescola.com/literatura/carlos-drummond-de-andrade/  acessado em 25/05/2013 as 18:49
— Disponível em: http://www.projetomemoria.art.br/drummond/ acessado em 04/06/2013 as 11:00

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ana Carolina, Beatriz Vaz, Isabel Prossi, Rafael Macedo e Samara Braga.


Universidade Paulista - UNIP

APS





Literatura Brasileira: Poesia
Modernismo – Jorge de Lima



Professora: Maria Goreti Cepinho
Letras – Turma: LL5P48

Ana Carolina M. de Almeida – RA: A82AAI-4
Beatriz Vaz – RA: A97652 – 3
Isabel Prossi – RA: B02664-2
Rafael Macedo – RA: B04726 – 7
Samara Braga – RA: B05151 – 5

Relatório do Desenvolvimento do Trabalho
Este trabalho tem como público alvo todos aqueles que apreciam e buscam por conhecimento nas obras e vida do poeta Jorge Mateus de Lima. Buscamos alcançar todos os públicos, uma vez que sabemos que será utilizado mais entre alunos e apreciadores de literatura.
Este trabalho tem como objetivo introduzir a trajetória de vida do poeta Jorge Mateus de Lima, considerado o príncipe do modernismo. Conforme o trabalho foi sendo elaborado caracterizamos a linha do poeta em base da época da qual foi escrita os poemas, com base nas suas características únicas de um poeta modernista analisamos suas principais obras, esta analise levou em consideração seu início como autor de versos alexandrinos até transformar-se em um poeta modernista, além do contexto social da época. A época que demos mais foque no trabalho foi às obras que o poeta realizou entre as guerras.
Toda a informação sobre a vida do “príncipe do Modernismo” foi levada em consideração, buscamos informações de pessoas que estudaram sobre sua vida e, além disso, também de livros e sites que continham material idôneo sobre o poeta. Durante as pesquisas realizadas percebemos que muitos sitese livros detalhavam a vida do poeta, por este motivo optamos por fazer além de apenas descrever o a vida e obra do poeta, decidimos historiar a vida do mesmo com base nas suas obras.
A base da coletagem de material foi com base na singeleza de como o próprio autor se auto descreve a seguir: "Tenho um metro e 68 de altura, 59 quilos e meio e uso óculos. Sou meio careca e meio surdo. Sou católico praticante e meu santo é São Jorge. Visto sempre cinza e acordo às quatro da manhã, com os galos e a aurora. (...) Minha leitura predileta é poesia.(...) Sou casado, tenho dois filhos e quatro netos. Gosto de pintar, esculpir e compor."
As informações básicas do poeta Jorge de Lima foram as seguintes: nasceu em 1893 em União, Alagoas, perto da Serra da Barriga, onde Zumbi fundou seu famoso quilombo. Sempre foi interessado em escrever desde sua época de colégio, lugar este onde publicou diversos poemas que escrevia desde a idade de 7 anos. Estudante de medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, quando estudante publicou seu primeiro livro “XIV Alexandrinos”. Exerceu a função de médico além de diversos outros cargos políticos no estado de Alagoas.Obras conhecidas como “O mundo do Menino Impossível” e “ Essa Negra Fulô” foram umas de suas obras mais conhecidas. Mais tarde transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor na Universidade do Distrito Federal. Seus poemas passaram por diversas transformações uma das mais importantes foi quando o poeta converteu-se ao catolicismo. Posteriormente seus poemas tiveram caráter religioso. Em 1940 recebeu o grande prêmio de poesia concedido pela Academia Brasileira de Letras. Não podemos não citar que o poeta foi umas das figuras mais importantes do Modernismo brasileiro, conhecido como o príncipe do Modernismo brasileiro.
Os dados acima foram coletados de sua própria analise consigo e através de relatos de pesquisadores e admiradores das obras dele. Toda a pesquisa teve como base a verdade dos relatos, buscamos em sites de Universidades e artigos científicos dos quais possuem base de veracidade. Procuramos buscar a essência do poeta através de sua singeleza ao tratar de suas obras e se auto descrever também.
Detalhamos o trabalho perante a veracidade de fatos e através de contexto histórico e contexto religioso que influenciaram a poetisa a seguir certa linha de pensamento. Notamos que as características do poeta Jorge de Lima foram influenciadas pelo seu meio. O seu meio gerou nele uma das características típicas do modernismo a busca da história brasileira, perante a ortografia. Através de todo o contexto histórico que foi apresentado e imposto ao poeta Jorge de Lima descobrimos um dos príncipes do Modernismo.


Jorge Lima e o Período Entre Guerras
Análise das obras do autor durante o período entre guerras e a Semana de Arte Moderna

Jorge Lima
Jorge de Lima nasceu em 1893 em União, Alagoas, perto da Serra da Barriga, onde Zumbi fundou seu famoso quilombo. Aos dez anos, passou a escrever para um jornal de seu colégio, onde publicou os poemas que fazia desde os sete anos.
Estudou medicina na Bahia e no Rio de Janeiro. Ainda estudante, publicou seu primeiro livro, "XIV Alexandrinos". Exerceu as funções de médico e ocupou diversos cargos públicos no estado de Alagoas.
Nos anos 1920 publicou vários livros de poemas, entre os quais "O Mundo do Menino Impossível" e "Essa Negra Fulô", seu poema mais conhecido. Em 1930 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde lecionou na Universidade do Brasil e na Universidade do Distrito Federal. Em 1935 foi eleito vereador, ocupando depois a presidência da Câmara dos Vereadores.
Em 1935, converteu-se ao catolicismo e muitos de seus poemas passaram a refletir sua religiosidade. Publicou nesta época várias obras, entre elas "Tempo e Eternidade", "Invenção de Orfeu" e "Livro de Sonetos". Recebeu em 1940 o Grande Prêmio de Poesia, concedido pela Academia Brasileira de Letras.
Certa vez, sendo entrevistado para um jornal, em 1952, Jorge de Lima se definiu com singeleza: "Tenho um metro e 68 de altura, 59 quilos e meio e uso óculos. Sou meio careca e meio surdo. Sou católico praticante e meu santo é São Jorge. Visto sempre cinza e acordo às quatro da manhã, com os galos e a aurora. (...) Minha leitura predileta é poesia.(...) Sou casado, tenho dois filhos e quatro netos. Gosto de pintar, esculpir e compor."
Os versos de Jorge de Lima figuram entre os mais importantes do modernismo brasileiro. O autor publicou também romances, ensaios e peças de teatro. Tendo tido formação autodidata em artes plásticas, publicou também o álbum de fotomontagens "A Pintura em Pânico", com prefácio do poeta Murilo Mendes.
Na Poesia, suas obras mais importantes foram: XIV alexandrinos (1914); O mundo do menino impossível (1925); Poemas (1927); Novos poemas (1929); Poemas escolhidos (1932); Tempo e eternidade (1935) – com Murilo Mendes; Quatro poemas negros (1937); A túnica inconsútil (1938); Poemas negros (1947); Livro de sonetos (1949); Anunciação e encontro de Mira-Celi (1950); Invenção de Orfeu (1952).
Seus romances foram apenas dois, sendo eles O anjo (1934) e Calunga (1935).


Contexto Histórico
Período Entre Guerras e Semana de Arte Moderna
O período Entre Guerras é uma fase da História do século XX que vai do final da Primeira Guerra Mundial até o início da Segunda Guerra Mundial, ou seja, entre 1918 a 1939.O Brasil vivenciava um período de conflitos políticos e econômico, como a queda do café e o rompimento das oligarquias.A população não podia expressar, opinar em muita coisa, pois até mesmo o direito ao voto era controlado.
Após a Primeira Guerra Mundial o mundo ainda sofria a depressão econômica causada pela quebra da bolsa de Nova York, em 1929, que agravou os problemas sociais de inúmeros países e intensificou o crescimento e a organização de forças de esquerda. Os partidos socialistas e comunistas entravam em choque com Estados cada vez mais autoritários e nacionalistas, como a Alemanha, a Itália, a Espanha e Portugal. O nazifascismo avançou, expandindo-se pela Europa até a deflagração da Segunda Guerra Mundial em 1939.
No Brasil, em 1930 Getúlio Vargas subiu ao poder, iniciando um período que ficaria conhecido como a "era Vargas" e que compreende a ditadura do Estado Novo, de 1937 a 1945. Em seu governo, houve uma série de medidas que centralizaram o poder.
Durante a Era Vargas a classe média e o operariado cresceram e tornaram-se cada vez mais participantes da vida política. Nesta fase, conquistaram o salário mínimo, os sindicatos e a legislação trabalhista. A migração interna aumentou, principalmente com a expansão da industrialização da região centro-sul do país, e a população alcançou 41,1 milhão de habitantes, sendo 56% analfabetos. O governo combateu o analfabetismo criando os Ministérios da Educação e da Saúde e promovendo reformas no ensino primário, implantando o ensino secundário. Em 1934 foi inaugurada a Universidade de São Paulo (USP), primeira no país. Os estudos universitários passaram a influenciar e redefinir a pesquisa crítica e literária.
O sistema literário foi afetado pela instabilidade política, pelas medidas antidemocráticas e repressoras da era Vargas, mas também se beneficiou da atmosfera de intenso debate sobre a realidade brasileira.
Com o advento da Segunda Guerra mundial e a dificuldade de importação de livros, a indústria literária encarou um largo desenvolvimento. Entre 1936 e 1944 o número de editoras brasileiras cresceu cerca de 50%. Mas a censura e a propaganda do governo estavam sempre presentes na indústria editorial, na imprensa, no rádio e no material didático, principalmente após a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP. Apesar do autoritarismo e da repressão, foram tempos de consagração da cultura popular.
A Semana de Arte Moderna, também referenciada como a Semana de 22, aconteceu na cidade de São Paulo, no ano de 1922. Mais especificamente, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal. A programação do evento destinou a cada um dos dias um tema específico para as apresentações artísticas, sendo eles a pintura e a escultura, a poesia e a literatura e a música.
Jorge Lima sempre foi pacato e muito talentoso. Já aos 17 anos escrevia poemas belíssimos e sem precisar se inspirar em nenhum escritor.Não costumava participar de grupos de escritores, pelo contrário, quando deu-se início a arte moderna e muitos jovens escritores decidiram revolucionar a arte no Brasil, Jorge estava sempre afastado desses grupinhos formados. Então, agiu isoladamente e por iniciativa própria, construindo suas obras com pacatez, o que deu início a sua obra mais importante.
Em 1930 Jorge de Lima então médico de família comerciante muda-se de Alagoas para o Rio de Janeiro, já formado em medicina, passou a dedicar se também as artes plásticas paralelas em seu consultório na Cinelândia, frequentado por grandes intelectuais como Murilo Mendes, Graciliano Ramos e José Lins do Rego, Entre 1937 e 1945 teve sua candidatura à Academia Brasileira de Letras recusada por seis vezes, era um artista em constante mutação e contribuiu ricamente para a Literatura Brasileira de forma rica , um dos poetas mais marcantes do modernismo, tocava em problemas sociais de forma expressiva.

Análise e interpretação dos poemas de Jorge de Lima
O livro de estreia de Jorge de Lima foi XIV Alexandrinos, ainda preso aos estilos do “fim do século”, Parnasianismo e Simbolismo. Em seguida, chegou finalmente ao Modernismo. Juntamente a Rachel de Queiroz e José Lins Rego, entre outros, formam um grupo literário em Maceió.

Obras principais:XIV alexandrinos (1914); Novo poemas (1929) ; Tempo e eternidade (em colaboração com Murilo Mendes,1935); A túnica inconsútil (1938); Poemas negros (1947); Invenção de Orfeu (1952).
A carreira poética de Jorge de Lima apresenta uma evolução contínua, fazendo que se possa dividi-la em três momentos ou fases. A primeira – e a de menor importância – se estabelece a partir de rígidos princípios parnasianos. A segunda é a fase nordestina por se vincular ao universo regional alagoano. E a terceira é a fase religiosa, já que o autor impregna seus poemas de conteúdos místicos e metafísicos.

A FASE NORDESTINA

Esta fase resulta da aproximação de Jorge de Lima das conquistas técnicas dos modernistas paulistas, em especial da adoção do verso livre, o que ocorreu em meados da década de 1920. O poeta, no plano temático, entre em sintonia com as proposições do Manifesto regionalista, elaboradas por Gilberto Freyre, que defendia uma arte mais localista, voltada para expressão da velha realidade rural do Nordeste. Assim, os poemas que escreve nesta época tem como tema a realidade existencial, cultural e histórica das camadas populares do Nordeste.
Dentro desta fase nordestina pode-se inserir ainda um conjunto de poemas afro-brasileiros em que o poeta celebra a cultura negra, seus ritmos, sua religiosidade, seus costumes e até mesmo sua história através da evocação, por exemplo, de Zumbi dos Palmares:

Aqui não há cangas, nem troncos, nem banzos! / Aqui é Zumbi! / Barriga da África.”

Estes motivos associados à poderosa musicalidade e à capacidade de criação de imagens de Jorge de Lima fazem com que tais criações tenham um significativo encanto, ainda que a ótica que embasa os referidos poemas seja sempre a de um homem branco.
Descendente de senhores de engenho, teve sua infância e adolescência profundamente marcadas pela paisagem característica dos engenhos tradicionais, com a constante presença do escravo negro. Após a “fase nordestina”, vem a fase do “sentimento religioso”, a partir da conversão. É principalmente nessa última fase que surpreendemos o sentido essencial da obra do poeta.
De modo geral, ela nos sugere um mito de dimensões cósmicas. É complexo, descomunal e contraditório, irreconciliável nos elementos que se entrecruzam nele. É através de toda essa agitação a busca por um pouso à sombra de Deus. Remete a uma espécie de “neobarroquismo” que quase consegue a harmonização dos seus componente contraditórios do imaterial ao humanos.
Um importante recurso da criação de Jorge de Lima, o balanceio contínuo e progressivo da linguagem poética, de exuberante vocabulário e acentuado virtuosismo, soma de múltipla experiência poética. É enriquecido na erudição, reminiscências, alusões bíblicas e profanas presas a raízes telúricas. Envolve-se nas sugestões e símbolos da paisagem oceânica e de céu estelar pairando, entre um limite e outro, na presença do sexo conturbado pelo sensualismo das práticas religiosas pagãs e primitivas.
Alguns poemas de Jorge de Lima falam sobre a sociedade, são críticas ao capitalismo e a exploração da mão de obra proletária, entre elas destaca-se Mulher proletária.

Veremos a seguir a análise de algumas dessas obras:

O poema “Mulher Proletária” é uma reflexão sobre a cultura partriarcal vigente na sociedade no início do Século XX. Consequentemente, critica o capitalismo por explorar trabalhadores e transformá-los em máquinas e, neste contexto, a mulher é a própria sociedade que fabrica filhos em grande número, máquinas humanas que serão transformadas em braços para manter a burguesia.

MULHER PROLETÁRIA
Mulher proletária — única fábrica
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.

O autor também retrata em suas obras a mulher negra na visão do Modernismo. No universo ficcional a mulher negra é representada de forma ambígua, ora como um objeto sexual, ora como um fruto da opressão masculina e do capitalismo. Destacamos um que se tornou antológico: Essa negra fulô.
Mesclando a lembrança dos engenhos com a violência do escravismo e com a sensualidade de algumas escravas, Jorge de Lima produz o retrato (ao mesmo tempo cruel e erótico) de uma época. Nas lembranças do menino de engenho, há lugar para suas primeiras experiências sexuais com as mulheres negras.
Assim, podemos dizer que as saídas sociais para a mulher negra não são muitodiferente nos textos modernistas: ou destinada às margens da pobreza ou a ser objeto sexual dos brancos.



ESSA NEGRA FULÔ
“Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.


Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!


Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!


Essa negra Fulô!


Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!


Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!


Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô! [...]



Nesse trecho vemos a exploração sexual da escrava negra por seus senhores de engenho.



[...]Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!


Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!


O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).


Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!


Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!


Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!


O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.


Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!


Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?


Essa negra Fulô!”




Podemos ver nesse outro trecho da obra como os escravos sofriam com a crueldade de seus senhores de engenho, maltratados, diversas vezes acusados de crimes que não cometeram e recebendo castigos desumanos, principalmente a mulher escrava, que além de todo o sofrimento comum aos gêneros, também sofriam a exploração sexual.

A poesia Pai João também aborda as recordações do menino que cresceu no engenho e assistiu as crueldades sofridas pelos escravos por seus senhores.

PAI JOÃO

A filha de Pai João tinha um peito de
Turina para os filhos de Ioiô mamar:
Quando o peito secou a filha de Pai João
Também secou agarrada num
Ferro de engomar.
A pele do Pai João ficou na ponta
Dos chicotes.
A força de Pai João ficou no cabo
Da enxada e da foice.
A mulher de Pai João o branco
A roubou para fazer mucamas.”

Quanto a fase religiosa, após a conversão do autor, podemos notar no Poema do Cristão o emprego de paradoxos, evocações e enumerações que dão à linguagem força bíblica, atingindo dimensões místicas.

POEMA DO CRISTÃO
Porque o sangue de Cristo
jorrou sobre os meus olhos,
a minha visão é universal
e tem dimensões que ninguém sabe. […]

Notamos aqui elementos místicos presentes na poesia de Jorge de Lima.


Os milênios passados e os futuros
não me aturdem porque nasço e nascerei,
porque sou uno com todas as criaturas,
com todos os seres, com todas as coisas,
que eu decomponho e absorvo com os sentidos,
e compreendo com a inteligência
transfigurada em Cristo.
Tenho os movimentos alargados.
Sou ubíquo: estou em Deus e na matéria;
sou velhíssimo e apenas nasci ontem,
estou molhado dos limos primitivos,
e ao mesmo tempo ressoo as trombetas finais,
compreendo todas as línguas, todos os gestos, todos os signos,
tenho glóbulos de sangue das raças mais opostas.
Posso enxugar com um simples aceno
o choro de todos os irmãos distantes.
Posso estender sobre todas as cabeças um céu unânime e estrelado.

Chamo todos os mendigos para comer comigo,
e ando sobre as águas como os profetas bíblicos. […] “

Nos últimos dois versos, o autor faz alusão à duas passagens bíblicas: “Chamo todos os mendigos para comer comigo” refere-se uma parábola de Bíblia, segundo ela, Jesus de Nazaré fingiu-se de mendigo para um jantar que fora convidado, desta forma testando a bondade de seu anfitrião. O verso “e ando sobre as águas como os profetas bíblicos” é uma referência a Jesus, que teria andado sobre águas, conforme narram os escritos bíblicos.
Essas alusões a passagens bíblicas repetem-se ao longo de toda a poesia. Existem outras poesias cristãs de Jorge de Lima, mas a o “Poema do Cristão” é o que mais reune as característica de sua fase do “sentimento religioso”.

Concluímos então após o estudo de suas diversas fases poéticas e análise de suas obras, que o poeta Jorge de Lima destaca-se pela versatilidade e pela mudança ao longo dos anos. Ainda que para muitos estudiosos a parte mais essencial de suas obras compreenda a fase religiosa, as poesias voltadas ao social retratando a vida triste nos engenhos e a exploração da mão de obra pelo capitalismo são muito ricas em conteúdo e por esse motivo deveriam ser mais estudadas.