Universidade
Paulista - UNIP
APS
Literatura
Brasileira: Poesia
Modernismo
– Jorge de Lima
Professora:
Maria Goreti Cepinho
Letras
– Turma: LL5P48
Ana
Carolina M. de Almeida – RA: A82AAI-4
Beatriz
Vaz – RA: A97652 – 3
Isabel
Prossi – RA: B02664-2
Rafael
Macedo – RA: B04726 – 7
Samara
Braga – RA: B05151 – 5
Relatório
do Desenvolvimento do Trabalho
Este
trabalho tem como público alvo todos aqueles que apreciam e buscam
por conhecimento nas obras e vida do poeta Jorge Mateus de Lima.
Buscamos alcançar todos os públicos, uma vez que sabemos que será
utilizado mais entre alunos e apreciadores de literatura.
Este
trabalho tem como objetivo introduzir a trajetória de vida do poeta
Jorge Mateus de Lima, considerado o príncipe do modernismo.
Conforme o trabalho foi sendo elaborado caracterizamos a linha do
poeta em base da época da qual foi escrita os poemas, com base nas
suas características únicas de um poeta modernista analisamos suas
principais obras, esta analise levou em consideração seu início
como autor de versos alexandrinos até transformar-se em um poeta
modernista, além do contexto social da época. A época que demos
mais foque no trabalho foi às obras que o poeta realizou entre as
guerras.
Toda
a informação sobre a vida do “príncipe do Modernismo” foi
levada em consideração, buscamos informações de pessoas que
estudaram sobre sua vida e, além disso, também de livros e sites
que continham material idôneo sobre o poeta. Durante as pesquisas
realizadas percebemos que muitos sitese livros detalhavam a vida do
poeta, por este motivo optamos por fazer além de apenas descrever o
a vida e obra do poeta, decidimos historiar a vida do mesmo com base
nas suas obras.
A
base da coletagem de material foi com base na singeleza de como o
próprio autor se auto descreve a seguir: "Tenho
um metro e 68 de altura, 59 quilos e meio e uso óculos. Sou meio
careca e meio surdo. Sou católico praticante e meu santo é São
Jorge. Visto sempre cinza e acordo às quatro da manhã, com os galos
e a aurora. (...) Minha leitura predileta é poesia.(...) Sou casado,
tenho dois filhos e quatro netos. Gosto de pintar, esculpir e
compor."
As
informações básicas do poeta Jorge de Lima foram as seguintes:
nasceu em 1893 em União, Alagoas, perto da Serra da Barriga, onde
Zumbi fundou seu famoso quilombo. Sempre foi interessado em escrever
desde sua época de colégio, lugar este onde publicou diversos
poemas que escrevia desde a idade de 7 anos. Estudante de medicina na
Bahia e no Rio de Janeiro, quando estudante publicou seu primeiro
livro “XIV Alexandrinos”. Exerceu a função de médico além de
diversos outros cargos políticos no estado de Alagoas.Obras
conhecidas como “O mundo do Menino Impossível” e “ Essa Negra
Fulô” foram umas de suas obras mais conhecidas. Mais tarde
transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor na
Universidade do Distrito Federal. Seus poemas passaram por diversas
transformações uma das mais importantes foi quando o poeta
converteu-se ao catolicismo. Posteriormente seus poemas tiveram
caráter religioso. Em 1940 recebeu o grande prêmio de poesia
concedido pela Academia Brasileira de Letras. Não podemos não citar
que o poeta foi umas das figuras mais importantes do Modernismo
brasileiro, conhecido como o príncipe do Modernismo brasileiro.
Os
dados acima foram coletados de sua própria analise consigo e através
de relatos de pesquisadores e admiradores das obras dele. Toda a
pesquisa teve como base a verdade dos relatos, buscamos em sites de
Universidades e artigos científicos dos quais possuem base de
veracidade. Procuramos buscar a essência do poeta através de sua
singeleza ao tratar de suas obras e se auto descrever também.
Detalhamos
o trabalho perante a veracidade de fatos e através de contexto
histórico e contexto religioso que influenciaram a poetisa a seguir
certa linha de pensamento. Notamos que as características do poeta
Jorge de Lima foram influenciadas pelo seu meio. O seu meio gerou
nele uma das características típicas do modernismo a busca da
história brasileira, perante a ortografia. Através de todo o
contexto histórico que foi apresentado e imposto ao poeta Jorge de
Lima descobrimos um dos príncipes do Modernismo.
Jorge
Lima e o Período Entre Guerras
Análise
das obras do autor durante o período entre guerras e a Semana de
Arte Moderna
Jorge
Lima
Jorge
de Lima nasceu em 1893 em União, Alagoas, perto da Serra da Barriga,
onde Zumbi fundou seu famoso quilombo. Aos dez anos, passou a
escrever para um jornal de seu colégio, onde publicou os poemas que
fazia desde os sete anos.
Estudou medicina na Bahia e no Rio de Janeiro. Ainda estudante, publicou seu primeiro livro, "XIV Alexandrinos". Exerceu as funções de médico e ocupou diversos cargos públicos no estado de Alagoas.
Nos anos 1920 publicou vários livros de poemas, entre os quais "O Mundo do Menino Impossível" e "Essa Negra Fulô", seu poema mais conhecido. Em 1930 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde lecionou na Universidade do Brasil e na Universidade do Distrito Federal. Em 1935 foi eleito vereador, ocupando depois a presidência da Câmara dos Vereadores.
Em 1935, converteu-se ao catolicismo e muitos de seus poemas passaram a refletir sua religiosidade. Publicou nesta época várias obras, entre elas "Tempo e Eternidade", "Invenção de Orfeu" e "Livro de Sonetos". Recebeu em 1940 o Grande Prêmio de Poesia, concedido pela Academia Brasileira de Letras.
Certa vez, sendo entrevistado para um jornal, em 1952, Jorge de Lima se definiu com singeleza: "Tenho um metro e 68 de altura, 59 quilos e meio e uso óculos. Sou meio careca e meio surdo. Sou católico praticante e meu santo é São Jorge. Visto sempre cinza e acordo às quatro da manhã, com os galos e a aurora. (...) Minha leitura predileta é poesia.(...) Sou casado, tenho dois filhos e quatro netos. Gosto de pintar, esculpir e compor."
Os versos de Jorge de Lima figuram entre os mais importantes do modernismo brasileiro. O autor publicou também romances, ensaios e peças de teatro. Tendo tido formação autodidata em artes plásticas, publicou também o álbum de fotomontagens "A Pintura em Pânico", com prefácio do poeta Murilo Mendes.
Estudou medicina na Bahia e no Rio de Janeiro. Ainda estudante, publicou seu primeiro livro, "XIV Alexandrinos". Exerceu as funções de médico e ocupou diversos cargos públicos no estado de Alagoas.
Nos anos 1920 publicou vários livros de poemas, entre os quais "O Mundo do Menino Impossível" e "Essa Negra Fulô", seu poema mais conhecido. Em 1930 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde lecionou na Universidade do Brasil e na Universidade do Distrito Federal. Em 1935 foi eleito vereador, ocupando depois a presidência da Câmara dos Vereadores.
Em 1935, converteu-se ao catolicismo e muitos de seus poemas passaram a refletir sua religiosidade. Publicou nesta época várias obras, entre elas "Tempo e Eternidade", "Invenção de Orfeu" e "Livro de Sonetos". Recebeu em 1940 o Grande Prêmio de Poesia, concedido pela Academia Brasileira de Letras.
Certa vez, sendo entrevistado para um jornal, em 1952, Jorge de Lima se definiu com singeleza: "Tenho um metro e 68 de altura, 59 quilos e meio e uso óculos. Sou meio careca e meio surdo. Sou católico praticante e meu santo é São Jorge. Visto sempre cinza e acordo às quatro da manhã, com os galos e a aurora. (...) Minha leitura predileta é poesia.(...) Sou casado, tenho dois filhos e quatro netos. Gosto de pintar, esculpir e compor."
Os versos de Jorge de Lima figuram entre os mais importantes do modernismo brasileiro. O autor publicou também romances, ensaios e peças de teatro. Tendo tido formação autodidata em artes plásticas, publicou também o álbum de fotomontagens "A Pintura em Pânico", com prefácio do poeta Murilo Mendes.
Na
Poesia, suas obras mais importantes foram: XIV alexandrinos (1914); O
mundo do menino impossível (1925); Poemas (1927); Novos poemas
(1929); Poemas escolhidos (1932); Tempo e eternidade (1935) – com
Murilo Mendes; Quatro poemas negros (1937); A túnica inconsútil
(1938); Poemas negros (1947); Livro de sonetos (1949); Anunciação e
encontro de Mira-Celi (1950); Invenção de Orfeu (1952).
Seus romances foram apenas dois, sendo eles O anjo (1934) e Calunga (1935).
Seus romances foram apenas dois, sendo eles O anjo (1934) e Calunga (1935).
Contexto
Histórico
Período
Entre Guerras e Semana de Arte Moderna
O
período Entre Guerras é uma fase da História do século XX que vai
do final da Primeira Guerra Mundial até o início da Segunda Guerra
Mundial, ou seja, entre 1918 a 1939.O Brasil vivenciava um período
de conflitos políticos e econômico, como a queda do café e o
rompimento das oligarquias.A população não podia expressar, opinar
em muita coisa, pois até mesmo o direito ao voto era controlado.
Após
a Primeira Guerra Mundial o mundo ainda sofria a depressão econômica
causada pela quebra da bolsa de Nova York, em 1929, que agravou os
problemas sociais de inúmeros países e intensificou o crescimento e
a organização de forças de esquerda. Os partidos socialistas e
comunistas entravam em choque com Estados cada vez mais autoritários
e nacionalistas, como a Alemanha, a Itália, a Espanha e Portugal. O
nazifascismo avançou, expandindo-se pela Europa até a deflagração
da Segunda Guerra Mundial em 1939.
No
Brasil, em 1930 Getúlio Vargas subiu ao poder, iniciando um período
que ficaria conhecido como a "era Vargas" e que compreende
a ditadura do Estado Novo, de 1937 a 1945. Em seu governo, houve uma
série de medidas que centralizaram o poder.
Durante
a Era Vargas a classe média e o operariado cresceram e tornaram-se
cada vez mais participantes da vida política. Nesta fase,
conquistaram o salário mínimo, os sindicatos e a legislação
trabalhista. A migração interna aumentou, principalmente com a
expansão da industrialização da região centro-sul do país, e a
população alcançou 41,1 milhão de habitantes, sendo 56%
analfabetos. O governo combateu o analfabetismo criando os
Ministérios da Educação e da Saúde e promovendo reformas no
ensino primário, implantando o ensino secundário. Em 1934 foi
inaugurada a Universidade de São Paulo (USP), primeira no país. Os
estudos universitários passaram a influenciar e redefinir a pesquisa
crítica e literária.
O
sistema literário foi afetado pela instabilidade política, pelas
medidas antidemocráticas e repressoras da era Vargas, mas também se
beneficiou da atmosfera de intenso debate sobre a realidade
brasileira.
Com
o advento da Segunda Guerra mundial e a dificuldade de importação
de livros, a indústria literária encarou um largo desenvolvimento.
Entre 1936 e 1944 o número de editoras brasileiras cresceu cerca de
50%. Mas a censura e a propaganda do governo estavam sempre presentes
na indústria editorial, na imprensa, no rádio e no material
didático, principalmente após a criação do Departamento de
Imprensa e Propaganda, o DIP. Apesar do autoritarismo e da repressão,
foram tempos de consagração da cultura popular.
A
Semana de Arte Moderna, também referenciada como a Semana de 22,
aconteceu na cidade de São Paulo, no ano de 1922. Mais
especificamente, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro
Municipal. A programação do evento destinou a cada um dos dias um
tema específico para as apresentações artísticas, sendo eles a
pintura e a escultura, a poesia e a literatura e a música.
Jorge
Lima sempre foi pacato e muito talentoso. Já aos 17 anos escrevia
poemas belíssimos e sem precisar se inspirar em nenhum escritor.Não
costumava participar de grupos de escritores, pelo contrário, quando
deu-se início a arte moderna e muitos jovens escritores decidiram
revolucionar a arte no Brasil, Jorge estava sempre afastado desses
grupinhos formados. Então, agiu isoladamente e por iniciativa
própria, construindo suas obras com pacatez, o que deu início a sua
obra mais importante.
Em
1930 Jorge de Lima então médico de família comerciante muda-se de
Alagoas para o Rio de Janeiro, já formado em medicina, passou a
dedicar se também as artes plásticas paralelas em seu consultório
na Cinelândia, frequentado por grandes intelectuais como Murilo
Mendes, Graciliano Ramos e José Lins do Rego, Entre 1937 e 1945 teve
sua candidatura à Academia Brasileira de Letras recusada por seis
vezes, era um artista em constante mutação e contribuiu ricamente
para a Literatura Brasileira de forma rica , um dos poetas mais
marcantes do modernismo, tocava em problemas sociais de forma
expressiva.
Análise
e interpretação dos poemas de Jorge de Lima
O
livro de estreia de Jorge de Lima foi XIV Alexandrinos, ainda preso
aos estilos do “fim do século”, Parnasianismo e Simbolismo. Em
seguida, chegou finalmente ao Modernismo. Juntamente a Rachel de
Queiroz e José Lins Rego, entre outros, formam um grupo literário
em Maceió.
Obras
principais:XIV alexandrinos (1914); Novo poemas (1929) ; Tempo
e eternidade (em colaboração com Murilo Mendes,1935); A túnica
inconsútil (1938); Poemas negros (1947); Invenção de Orfeu
(1952).
A
carreira poética de Jorge de Lima apresenta uma evolução contínua,
fazendo que se possa dividi-la em três momentos ou fases. A primeira
– e a de menor importância – se estabelece a partir de rígidos
princípios parnasianos. A segunda é a fase nordestina por se
vincular ao universo regional alagoano. E a terceira é a fase
religiosa, já que o autor impregna seus poemas de conteúdos
místicos e metafísicos.
A
FASE NORDESTINA
Esta
fase resulta da aproximação de Jorge de Lima das conquistas
técnicas dos modernistas paulistas, em especial da adoção do verso
livre, o que ocorreu em meados da década de 1920. O poeta, no plano
temático, entre em sintonia com as proposições do Manifesto
regionalista, elaboradas por Gilberto Freyre, que defendia
uma arte mais localista, voltada para expressão da velha realidade
rural do Nordeste. Assim, os poemas que escreve nesta época tem como
tema a realidade existencial, cultural e histórica das camadas
populares do Nordeste.
Dentro
desta fase nordestina pode-se inserir ainda um conjunto de poemas
afro-brasileiros em que o poeta celebra a cultura negra, seus
ritmos, sua religiosidade, seus costumes e até mesmo sua história
através da evocação, por exemplo, de Zumbi dos Palmares:
“Aqui
não há cangas, nem troncos, nem banzos! / Aqui é Zumbi! / Barriga
da África.”
Estes
motivos associados à poderosa musicalidade e à capacidade de
criação de imagens de Jorge de Lima fazem com que tais criações
tenham um significativo encanto, ainda que a ótica que embasa os
referidos poemas seja sempre a de um homem branco.
Descendente
de senhores de engenho, teve sua infância e adolescência
profundamente marcadas pela paisagem característica dos engenhos
tradicionais, com a constante presença do escravo negro. Após a
“fase nordestina”, vem a fase do “sentimento religioso”, a
partir da conversão. É principalmente nessa última fase que
surpreendemos o sentido essencial da obra do poeta.
De
modo geral, ela nos sugere um mito de dimensões cósmicas. É
complexo, descomunal e contraditório, irreconciliável nos elementos
que se entrecruzam nele. É através de toda essa agitação a busca
por um pouso à sombra de Deus. Remete a uma espécie de
“neobarroquismo” que quase consegue a harmonização dos seus
componente contraditórios do imaterial ao humanos.
Um
importante recurso da criação de Jorge de Lima, o balanceio
contínuo e progressivo da linguagem poética, de exuberante
vocabulário e acentuado virtuosismo, soma de múltipla experiência
poética. É enriquecido na erudição, reminiscências, alusões
bíblicas e profanas presas a raízes telúricas. Envolve-se nas
sugestões e símbolos da paisagem oceânica e de céu estelar
pairando, entre um limite e outro, na presença do sexo conturbado
pelo sensualismo das práticas religiosas pagãs e primitivas.
Alguns
poemas de Jorge de Lima falam sobre a sociedade, são críticas ao
capitalismo e a exploração da mão de obra proletária, entre elas
destaca-se Mulher proletária.
Veremos
a seguir a análise de algumas dessas obras:
O
poema “Mulher Proletária” é uma reflexão sobre a cultura
partriarcal vigente na sociedade no início do Século XX.
Consequentemente, critica o capitalismo por explorar trabalhadores e
transformá-los em máquinas e, neste contexto, a mulher é a própria
sociedade que fabrica filhos em grande número, máquinas humanas que
serão transformadas em braços para manter a burguesia.
MULHER
PROLETÁRIA
Mulher
proletária — única fábrica
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher
proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
O
autor também retrata em suas obras a mulher negra na visão do
Modernismo. No universo ficcional a mulher negra é representada de
forma ambígua, ora como um objeto sexual, ora como um fruto da
opressão masculina e do capitalismo. Destacamos um que se tornou
antológico: Essa negra fulô.
Mesclando
a lembrança dos engenhos com a violência do escravismo e com a
sensualidade de algumas escravas, Jorge de Lima produz o
retrato (ao mesmo tempo cruel e erótico) de uma época. Nas
lembranças do menino de engenho, há lugar para suas primeiras
experiências sexuais com as mulheres negras.
Assim,
podemos dizer que as saídas sociais para a mulher negra não são
muitodiferente nos textos modernistas: ou destinada às margens da
pobreza ou a ser objeto sexual dos brancos.
ESSA
NEGRA FULÔ
“Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!
Essa negra Fulô!
Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô! [...]
“Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!
Essa negra Fulô!
Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô! [...]
Nesse
trecho vemos a exploração sexual da escrava negra por seus
senhores de engenho.
[...]Ó
Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?
Essa negra Fulô!”
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?
Essa negra Fulô!”
Podemos
ver nesse outro trecho da obra como os escravos sofriam com a
crueldade de seus senhores de engenho, maltratados, diversas vezes
acusados de crimes que não cometeram e recebendo castigos
desumanos, principalmente a mulher escrava, que além de todo o
sofrimento comum aos gêneros, também sofriam a exploração
sexual.
A poesia Pai João também aborda as recordações do menino que cresceu no engenho e assistiu as crueldades sofridas pelos escravos por seus senhores.
PAI
JOÃO
“A
filha de Pai João tinha um peito de
Turina para os filhos de Ioiô mamar:
Quando o peito secou a filha de Pai João
Também secou agarrada num
Ferro de engomar.
A pele do Pai João ficou na ponta
Dos chicotes.
A força de Pai João ficou no cabo
Da enxada e da foice.
A mulher de Pai João o branco
A roubou para fazer mucamas.”
Turina para os filhos de Ioiô mamar:
Quando o peito secou a filha de Pai João
Também secou agarrada num
Ferro de engomar.
A pele do Pai João ficou na ponta
Dos chicotes.
A força de Pai João ficou no cabo
Da enxada e da foice.
A mulher de Pai João o branco
A roubou para fazer mucamas.”
Quanto
a fase religiosa, após a conversão do autor, podemos notar no
Poema do Cristão o emprego de paradoxos, evocações e enumerações
que dão à linguagem força bíblica, atingindo dimensões
místicas.
POEMA
DO CRISTÃO
Porque
o sangue de Cristo
jorrou
sobre os meus olhos,
a
minha visão é universal
e
tem dimensões que ninguém sabe. […]
Notamos
aqui elementos místicos presentes na poesia de Jorge de Lima.
Os
milênios passados e os futuros
não
me aturdem porque nasço e nascerei,
porque
sou uno com todas as criaturas,
com
todos os seres, com todas as coisas,
que
eu decomponho e absorvo com os sentidos,
e
compreendo com a inteligência
transfigurada
em Cristo.
Tenho
os movimentos alargados.
Sou
ubíquo: estou em Deus e na matéria;
sou
velhíssimo e apenas nasci ontem,
estou
molhado dos limos primitivos,
e
ao mesmo tempo ressoo as trombetas finais,
compreendo
todas as línguas, todos os gestos, todos os signos,
tenho
glóbulos de sangue das raças mais opostas.
Posso
enxugar com um simples aceno
o
choro de todos os irmãos distantes.
Posso
estender sobre todas as cabeças um céu unânime e estrelado.
Chamo
todos os mendigos para comer comigo,
e
ando sobre as águas como os profetas bíblicos. […] “
Nos
últimos dois versos, o autor faz alusão à duas passagens bíblicas:
“Chamo todos os mendigos para comer comigo” refere-se uma
parábola de Bíblia, segundo ela, Jesus de Nazaré fingiu-se de
mendigo para um jantar que fora convidado, desta forma testando a
bondade de seu anfitrião. O verso “e ando sobre as águas como os
profetas bíblicos” é uma referência a Jesus, que teria andado
sobre águas, conforme narram os escritos bíblicos.
Essas
alusões a passagens bíblicas repetem-se ao longo de toda a poesia.
Existem outras poesias cristãs de Jorge de Lima, mas a o “Poema do
Cristão” é o que mais reune as característica de sua fase do
“sentimento religioso”.
Concluímos
então após o estudo de suas diversas fases poéticas e análise de
suas obras, que o poeta Jorge de Lima destaca-se pela versatilidade e
pela mudança ao longo dos anos. Ainda que para muitos estudiosos a
parte mais essencial de suas obras compreenda a fase religiosa, as
poesias voltadas ao social retratando a vida triste nos engenhos e a
exploração da mão de obra pelo capitalismo são muito ricas em
conteúdo e por esse motivo deveriam ser mais estudadas.
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